terça-feira, 20 de agosto de 2013

O Dia Em Que Perdi um Feriadão Por Causa de Uma Garota

Finalmente, depois de mais de três anos no limbo semi-eterno(semieterno?) da internet, resolvi ressuscitar essa bagaça. Depois de mais café que o recomendado, uma queimação desgraçada e uma noite em claro, resolvi que estava mais que na hora de reviver isso aqui com um pouco dos meus pensamentos e relatos de vida.

Sou conhecido entre meus amigos por ser azarado. A frequência em que eu apanho dos próprios móveis, recolho minha roupa do varal depois de um pombo cagar nela (e você achando que merda no carro era irritante), pego a fila mais demorada em qualquer tipo de lugar, azar com o sexo oposto ou em que eu simplesmente me dou mal mesmo é exponencialmente maior do que a de qualquer pessoa normal.

Hoje lhes contarei um relato em que eu resolvi passar o feriadão da Semana Santa, que na ocasião duraria 4 dias (de Quinta a Domingo) no meio da roça na esperança de pegar a prima gostosa de um amigo. Mas vamos do começo, sim?

Lembro que na época eu estudava na 8ª série e que eu tinha 13 anos (comecei os estudos adiantado, prevendo futuras perguntas). Como o pessoal normalmente está fazendo seus 15 anos lá nesse período, é uma época onde festas de aniversário começam a pipocar lá e cá pra tudo quanto é lado, principalmente as festas de debutante de uma garota. Sim,  é aquela festa onde a garota recebe uma festa abusivamente cara que quase leva os pais a falência, além de chamar todos seus conhecidos do universo e obrigar todo mundo a ir de roupa social, mesmo que esse tipo de roupa seja malditamente desconfortável. Numa dessas ocasiões, fui chamado para a festa de uma amiga bastante próxima, que eu sem pestanejar fui. Como ela morava longe pra caralho e minha família não tem carro, eu fui de carona e fiquei de dormir depois da festa com uma galera na casa do primo dela que também estudava na mesma sala e que morava praticamente do lado onde seria a festança. Chegou o dito dia, a festa se desenrolou muito bem, levei o recorde de foras por noite até então (eu ainda não havia beijado e estava ansioso pra deixar a sina de BV). Até aí tudo normal, nada além do excepcional. No dia seguinte, o pessoal se reuniu de novo no local onde tinha havido a festa pois aproveitariam da churrasqueira e da piscina do local (to falando que essas festas de debutantes custam caro que só a porra) e lá vi uma garota que achei super lindérrima. Era prima da aniversariante e do rapaz cuja casa dormi. Indo mais direto ao ponto da coisa, consegui conversar com a moça. BASTANTE. O nome dela era Ester, e pro meu azar ela morava numa outra cidade então dificilmente eu a veria na vida de novo. Claro que eu, com minha bobagem e até relativa idiotice achei que tinha rolado algum tipo de química, e o problema é que eu também não consegui dar uma investida mais direta e considerei aquele outro fracasso da minha parada vida amorosa. Lembro também que nesse dia tive a câimbra mais bizarra da minha vida, já que não sei como consegui ter câimbra no pé mexendo os meus braços, mas estou vagueando.

Passou-se mais ou menos um mês, e meu amigo onde eu tinha dormido no dia da festa (chamarei ele de Igor agora, mais fácil) me convidou pra ir passar o feriadão numa chácara que o pai dele tinha. Abrindo um parêntese, é muito comum na minha cidade as pessoas que tinham um pouco mais de dindin terem um pedacinho de roça, como chácara, rancho ou qualquer merda de nome assim, e geralmente os agroboys e cowboys (meu amigo era um legítimo cowboy, e eu juro que explico a diferença entre os dois num futuro post). Eu prontamente recusei, afinal passar 4 dias longe de qualquer aparelho eletrônico, sendo picado por mosquitos e ainda tendo de ralar não era exatamente uma proposta muito legal pra mim não. 

- Nah cara, vou não.

- Mas a Ester vai.

Rapaz, mas daí eu animei na hora. De repente, ser ensanguentado por malditos mosquitos, torrar num calor desgraçado e ainda ficar sujo quase o dia inteiro não me pareceram lá má ideia. Disse pro meu amigo que ia, e me preparei pra viagem. 

Chega o dia marcado, e eu lá vou, com mochilinha e tudo no carro do meu amigo. Vale ressaltar aqui que ia a família TODA do maluco. As duas irmãs, ele, pai e mãe e ainda o namorado da "aniversariante" (que era prima do Igor e se chamava Ana). Até hoje não sei como as leis da física permitiram tal façanha, ou vai ver a porra do carro era realmente muito grande, lembro que era uma caminhonete e tal. Daí depois de sair da cidade e adentrar naquela roça desgraçada, chegamos no lugar, onde já estavam a família da Ana (pai, mãe, irmão e etc). Desço do carro, não vejo a Ester, daí vou perguntar o Igor cadê ela e quando ela chega.

- Cara, ela vai chegar só daqui a dois dias.

Todos meus sentidos me disseram na hora "TOMOUNOCU EIN LUCAS". Chega lá e eles já começam a trabalhar, e eu, obviamente, fui não-voluntariamente escalado para ajudar a pegar no pesado. Imagine você a comicidade de um rapaz que nunca nem tinha lavado sua roupa antes pegando em facões e ajudando a fazer pias de bambus, ajudando a cortar árvores e montar cercas, e inclusive acompanhei uma "expedição" pra montar armadilhas pra pegar peixes (haviam rios por ali perto). Levei alguns tombos escrotos, machuquei em alguns momentos, sentei em cima de um toco podre de árvore e fiquei todo cheio de cupins e isso sem contar que o MALDITO TEMPO TODO eu estava sendo praticamente carregado por mosquitos. E apesar dos dias violentamente quentes, a noite era um frio desgraçado. Como não havia eletricidade lá, a iluminação era feita à base de velas e de lampião, tipo esse aqui.




Também, para aumentar minha desgraça, nos 4 dias que fiquei lá não consegui pegar NENHUM maldito peixe, sendo que até a irmãzinha do Igor havia conseguido. 

Mas e a tal Ester?

A maldita chegou, dois dias depois, como o prometido. Assim que ela me viu, fez a maior cara "Mas o que caralhos cê tá fazendo aqui, moleque?". E aí aquele sorriso maroto de orelha a orelha surgiu em minha face e eu fiquei felizão. "Finalmente!", pensei, achando que ia me dar bem. E como não era de se esperar, ledo engano. Além é claro do adendo dos pais dela terem ido com ela, afinal era um feriadão que eles iam passar em família. O que me faz reparar, que no meio daquele mundaréu de gente, eu era o ÚNICO que não era parente nem algo sequer como namorado de alguém daquele ciclo familiar. Ao menos eles eram receptivos...

Mas aí chegou a hora da tentativa, afinal de contas. E... fracassou. Não, eu não tentei puxar a menina ou alguma coisa assim, mas depois de um tempo no "papo vai, papo vem", surge que ela diz que não ficaria comigo porque não sentiu que tinha rolado química. 





Foi basicamente a minha cara no momento. Obviamente, ela não tinha obrigação ALGUMA de ter sequer me dado bola, mas na hora eu tava bem chateado, deem um desconto. Nerd como eu sou, sacrificar um fim de semana inteiro de videogame e diversão por canseira e um fora não é exatamente uma coisa pra deixar um sujeito feliz. Felizmente, não deixei isso me abalar mais do que deveria. Naquela mesma noite, ela levou um tombo tão infeliz por causa de uma pisada em falso em terreno irregular que quase machucou seriamente o pé dela, isso além de ter sido um formigueiro onde ela pisou. Não consigo imaginar muitas outras ocasiões onde eu pudesse ter carregado uma garota morro acima (era tipo um morro entre a casa da chácara e a parte onde a gente ficava, na margem do rio) num escuro maldito e ainda rindo da desgraça dela (tenho humor negro, fazer o quê) enquanto ela te dá murrinhos e te chamando de bobo.

Claro que rolou muito mais coisa minunciosa que ou eu fiquei com preguiça de falar ou que não lembro, mas a viagem no geral foi boa. Serviu como um pouco de aprendizado pra ralação que seriam bem úteis pra mim mais tarde, principalmente na época em que mudei de cidade.

E a minha mudança será história pra outro dia, quem sabe?

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