terça-feira, 20 de agosto de 2013

Malditos Pombos! O Dia em que fui Cagado

Não é atoa que os pombos são conhecidos como "ratos voadores". Existem numa quantidade obcenamente alta, não são tão necessários assim ao ambiente e só servem para emporcalhar carros e servir de passatempo para velhinhos em parque. É sabido que muita gente odeia esses filhos da puta voadores principalmente por serem bobas vivas de bosta branca com tons de marrom e preto. Minha família nunca teve um carro, mas já vi muitas vezes eles serem lavados. Dá um puta trabalho e costuma gastar um tempo razoável. Daí você pensa ''É, tá limpinho agora! Que ruim seria se alguém fosse tão filho da puta pra emporcalhá-lo novamente, não?"





E aí para a sua surpresa, você vai e vê que os pombos fizeram um ótimo serviço nele. É absolutamente emputecedor.

Mesmo não sendo dono de carro não quer dizer que eu esteja totalmente imune a esses filhos da puta. O pior de tudo é que eles aparentement quase nunca cagam em áreas como o pátio da casa ou algo do tipo, mas aparentemente propositalmente miram nos carros ou nas roupas do varal.

"Peraê, roupas no varal?"

Yup. Como é do conhecimento geral, eu sou um cara azarado pra cacete. De todas as vezes que lavo roupa e as ponho para secar, ao menos umas 95% delas terá ao menos uma peça de roupa que um pombo resolveu decorar com seus dejetos alimentares. Pra quem mora em São Paulo ou ao menos conhece o clima daqui, lembrem-se que por fazer pouco sol as roupas facilmente demoram cerca de 2 dias, se não mais em épocas chuvosas para secarem. Imagine o trabalho todo que você tem de fazer DE NOVO só pra lavar essa roupa novamente. Ô saco, viu! Dá vontade de amarrar os filhos da puta num vaso e cagar em cima deles. O problema maior é que houve uma vez onde não só minhas roupas foram alvo da caganeira, como eu também fui. E PIOR: foi no meio do intervalo da aula na época do colégio. 





Eu estava no 1º ano colegial. Já era uma tarefa hercúlea acordar de manhã para aguentar o perrengue da chatice que eram as aulas, imagine só se ver numa situação assim. Saio eu do meio da aula, feliz pelo intervalo. Hora de comprar uma coca-cola 2L abusivamente caro e dividir com pessoas o suficiente para fazer com que a dose que você beba não seja maior que dois dedos de copo de plástico pequeno. Daí eu inocentemente me encosto na parede do pátio (o pátio era coberto por um telhado, mas a lateral do pátio era uma parede com uma grade em cima). Estou lá, numa boa, conversando com meu brother quando de repente sinto alguma coisa caindo na lateral da minha cabeça e no meu ombro, e vejo um olhar de repugnação do meu amigo. Só para lembrar, a porra do uniforme do colégio era BRANCO BRANCO BRANCO MESMO só com uma pequena inscrição verde no peito. Olho pra cima, olho pro meu ombro, vejo aquela mancha maldita de marrom com preto e branco, somo dois com dois e falo com um estridente berro, olhando pra cima.

"SEU FILHO DA PUTA LAZARENTA POMBO DESGRAÇADO!". 

Meu amigo quase que instantaneamente explodiu em risadas, e meus colegas de classe que estavam quase todos perto de mim percebem o mesmo e começam a rir pra caralho também. Passo a mão na cabeça pra averiguar o estrago e vejo um monte de merda na mão. De repente me vi quase que correndo em direção ao banheiro pra tentar limpar o estrago. Chego na pia do maravilhosamente limpo e cheiro banheiro masculino (aliás, um devaneio pessoal, alguém já viu banheiro masculino de escola limpo?), fito o espelho e averiguo o estrago com meus olhos. E não é que o filho da puta tava com uma mira muito boa? Que sacanagem! Procuro um sabonete ou sabonete líquido pra ajudar na limpeza, mas aí numa triste epifania lembro que nunca havia algo do tipo na droga do banheiro masculino (usar o banheiro e não sujar a mão era uma técnica complicada e refinada aperfeiçoada ao longo de 6 anos estudando no mesmo local que algum dia talvez eu explique). Alguns colegas de sala meio que me seguiram pra ficar me zoando, e eu mandava meio mundo tomar no cu enquanto isso. Então eu resolvi que água devia já ser o bastante mesmo, ao melhor estilo "FODA-SE ESSA PORRA!" e fiz o melhor pra poder me limpar. Infelizmente, a merda manchou a minha camiseta. Poucas vezes senti tanto nojo na minha vida (há outras histórias com coisa do tipo, mas é assunto pra outro post e outro dia).

Finalmente, depois de quase cinco minutos tentando melhorar a situação com a boa e velha água de torneira, retorno ao local onde a minha turma estava, e já começaram com apelidos totalmente carinhosos como "Cagadinho" e "Bostado". Para a minha sorte (evento raro, lembrando) o apelido caiu no limbo do esquecimento em apenas 2 dias. Não que eles houvessem esquecido do evento ou deixassem de rir da minha cara por isso. Também, para a minha alegria, a garota que mais riu da minha cara também recebeu sua dose de bosta pombal um ano depois, para meu glorificado deleite.

Aprendi duas lições naquele dia:  Nunca mais se encostar na parede do pátio e que pombos são criaturas vis e filhas da puta. 

Minha vida é foda.

O Dia Em Que Perdi um Feriadão Por Causa de Uma Garota

Finalmente, depois de mais de três anos no limbo semi-eterno(semieterno?) da internet, resolvi ressuscitar essa bagaça. Depois de mais café que o recomendado, uma queimação desgraçada e uma noite em claro, resolvi que estava mais que na hora de reviver isso aqui com um pouco dos meus pensamentos e relatos de vida.

Sou conhecido entre meus amigos por ser azarado. A frequência em que eu apanho dos próprios móveis, recolho minha roupa do varal depois de um pombo cagar nela (e você achando que merda no carro era irritante), pego a fila mais demorada em qualquer tipo de lugar, azar com o sexo oposto ou em que eu simplesmente me dou mal mesmo é exponencialmente maior do que a de qualquer pessoa normal.

Hoje lhes contarei um relato em que eu resolvi passar o feriadão da Semana Santa, que na ocasião duraria 4 dias (de Quinta a Domingo) no meio da roça na esperança de pegar a prima gostosa de um amigo. Mas vamos do começo, sim?

Lembro que na época eu estudava na 8ª série e que eu tinha 13 anos (comecei os estudos adiantado, prevendo futuras perguntas). Como o pessoal normalmente está fazendo seus 15 anos lá nesse período, é uma época onde festas de aniversário começam a pipocar lá e cá pra tudo quanto é lado, principalmente as festas de debutante de uma garota. Sim,  é aquela festa onde a garota recebe uma festa abusivamente cara que quase leva os pais a falência, além de chamar todos seus conhecidos do universo e obrigar todo mundo a ir de roupa social, mesmo que esse tipo de roupa seja malditamente desconfortável. Numa dessas ocasiões, fui chamado para a festa de uma amiga bastante próxima, que eu sem pestanejar fui. Como ela morava longe pra caralho e minha família não tem carro, eu fui de carona e fiquei de dormir depois da festa com uma galera na casa do primo dela que também estudava na mesma sala e que morava praticamente do lado onde seria a festança. Chegou o dito dia, a festa se desenrolou muito bem, levei o recorde de foras por noite até então (eu ainda não havia beijado e estava ansioso pra deixar a sina de BV). Até aí tudo normal, nada além do excepcional. No dia seguinte, o pessoal se reuniu de novo no local onde tinha havido a festa pois aproveitariam da churrasqueira e da piscina do local (to falando que essas festas de debutantes custam caro que só a porra) e lá vi uma garota que achei super lindérrima. Era prima da aniversariante e do rapaz cuja casa dormi. Indo mais direto ao ponto da coisa, consegui conversar com a moça. BASTANTE. O nome dela era Ester, e pro meu azar ela morava numa outra cidade então dificilmente eu a veria na vida de novo. Claro que eu, com minha bobagem e até relativa idiotice achei que tinha rolado algum tipo de química, e o problema é que eu também não consegui dar uma investida mais direta e considerei aquele outro fracasso da minha parada vida amorosa. Lembro também que nesse dia tive a câimbra mais bizarra da minha vida, já que não sei como consegui ter câimbra no pé mexendo os meus braços, mas estou vagueando.

Passou-se mais ou menos um mês, e meu amigo onde eu tinha dormido no dia da festa (chamarei ele de Igor agora, mais fácil) me convidou pra ir passar o feriadão numa chácara que o pai dele tinha. Abrindo um parêntese, é muito comum na minha cidade as pessoas que tinham um pouco mais de dindin terem um pedacinho de roça, como chácara, rancho ou qualquer merda de nome assim, e geralmente os agroboys e cowboys (meu amigo era um legítimo cowboy, e eu juro que explico a diferença entre os dois num futuro post). Eu prontamente recusei, afinal passar 4 dias longe de qualquer aparelho eletrônico, sendo picado por mosquitos e ainda tendo de ralar não era exatamente uma proposta muito legal pra mim não. 

- Nah cara, vou não.

- Mas a Ester vai.

Rapaz, mas daí eu animei na hora. De repente, ser ensanguentado por malditos mosquitos, torrar num calor desgraçado e ainda ficar sujo quase o dia inteiro não me pareceram lá má ideia. Disse pro meu amigo que ia, e me preparei pra viagem. 

Chega o dia marcado, e eu lá vou, com mochilinha e tudo no carro do meu amigo. Vale ressaltar aqui que ia a família TODA do maluco. As duas irmãs, ele, pai e mãe e ainda o namorado da "aniversariante" (que era prima do Igor e se chamava Ana). Até hoje não sei como as leis da física permitiram tal façanha, ou vai ver a porra do carro era realmente muito grande, lembro que era uma caminhonete e tal. Daí depois de sair da cidade e adentrar naquela roça desgraçada, chegamos no lugar, onde já estavam a família da Ana (pai, mãe, irmão e etc). Desço do carro, não vejo a Ester, daí vou perguntar o Igor cadê ela e quando ela chega.

- Cara, ela vai chegar só daqui a dois dias.

Todos meus sentidos me disseram na hora "TOMOUNOCU EIN LUCAS". Chega lá e eles já começam a trabalhar, e eu, obviamente, fui não-voluntariamente escalado para ajudar a pegar no pesado. Imagine você a comicidade de um rapaz que nunca nem tinha lavado sua roupa antes pegando em facões e ajudando a fazer pias de bambus, ajudando a cortar árvores e montar cercas, e inclusive acompanhei uma "expedição" pra montar armadilhas pra pegar peixes (haviam rios por ali perto). Levei alguns tombos escrotos, machuquei em alguns momentos, sentei em cima de um toco podre de árvore e fiquei todo cheio de cupins e isso sem contar que o MALDITO TEMPO TODO eu estava sendo praticamente carregado por mosquitos. E apesar dos dias violentamente quentes, a noite era um frio desgraçado. Como não havia eletricidade lá, a iluminação era feita à base de velas e de lampião, tipo esse aqui.




Também, para aumentar minha desgraça, nos 4 dias que fiquei lá não consegui pegar NENHUM maldito peixe, sendo que até a irmãzinha do Igor havia conseguido. 

Mas e a tal Ester?

A maldita chegou, dois dias depois, como o prometido. Assim que ela me viu, fez a maior cara "Mas o que caralhos cê tá fazendo aqui, moleque?". E aí aquele sorriso maroto de orelha a orelha surgiu em minha face e eu fiquei felizão. "Finalmente!", pensei, achando que ia me dar bem. E como não era de se esperar, ledo engano. Além é claro do adendo dos pais dela terem ido com ela, afinal era um feriadão que eles iam passar em família. O que me faz reparar, que no meio daquele mundaréu de gente, eu era o ÚNICO que não era parente nem algo sequer como namorado de alguém daquele ciclo familiar. Ao menos eles eram receptivos...

Mas aí chegou a hora da tentativa, afinal de contas. E... fracassou. Não, eu não tentei puxar a menina ou alguma coisa assim, mas depois de um tempo no "papo vai, papo vem", surge que ela diz que não ficaria comigo porque não sentiu que tinha rolado química. 





Foi basicamente a minha cara no momento. Obviamente, ela não tinha obrigação ALGUMA de ter sequer me dado bola, mas na hora eu tava bem chateado, deem um desconto. Nerd como eu sou, sacrificar um fim de semana inteiro de videogame e diversão por canseira e um fora não é exatamente uma coisa pra deixar um sujeito feliz. Felizmente, não deixei isso me abalar mais do que deveria. Naquela mesma noite, ela levou um tombo tão infeliz por causa de uma pisada em falso em terreno irregular que quase machucou seriamente o pé dela, isso além de ter sido um formigueiro onde ela pisou. Não consigo imaginar muitas outras ocasiões onde eu pudesse ter carregado uma garota morro acima (era tipo um morro entre a casa da chácara e a parte onde a gente ficava, na margem do rio) num escuro maldito e ainda rindo da desgraça dela (tenho humor negro, fazer o quê) enquanto ela te dá murrinhos e te chamando de bobo.

Claro que rolou muito mais coisa minunciosa que ou eu fiquei com preguiça de falar ou que não lembro, mas a viagem no geral foi boa. Serviu como um pouco de aprendizado pra ralação que seriam bem úteis pra mim mais tarde, principalmente na época em que mudei de cidade.

E a minha mudança será história pra outro dia, quem sabe?